Preço da gasolina bate o do etanol nas bombas
Alta da cana-de-açúcar, que deve seguir até abril, faz preço do álcool disparar e perder competitividade para os concorrentes
Em nenhum dos postos de 22 municípios catarinenses pesquisados
pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o
preço do álcool apresenta vantagem sobre o da gasolina. O cenário segue
a tendência nacional. Segundo o Índice de Preços Ticket Car (IPTC), o
álcool só vale a pena no Mato Grosso, onde custa, em média, R$ 2,04 o
litro.
A explicação dos especialistas está na concorrência do açúcar, que
tem sido determinante no preço do etanol. Com a quebra da produção na
Índia, um dos principais produtores, o produto ficou valorizado no
mercado, e alguns produtores privilegiaram o aproveitamento de maior
quantidade de açúcar na safra de cana-de-açúcar em detrimento do álcool.

Na hora de fazer o cálculo para ver qual a melhor opção de
combustível, como explica Eduardo Lopes, coordenador de produto do
Ticket Car, é preciso tomar cuidado, pois, apesar de mais barato, a
autonomia do veículo com o etanol é, em média, 30% menor. Para saber
quando o etanol é mais vantajoso, basta dividir o seu preço pelo da
gasolina. Com resultados inferiores ou iguais a 70%, escolha o etanol.
Caso contrário, a gasolina é a melhor opção.
>> Veja o quadro com a comparação em municípios catarinenses
26,4% a mais em três meses De acordo com o
presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Litoral
Catarinense, Roque André Colpani, o preço do etanol subiu 26,4% nos
últimos três meses. E diante das chuvas que neste mês estão atrapalhando
a colheita da cana, o valor do combustível vai continuar subindo até o
final de março. Para abril, época da safra da cana e, então, de aumento
da oferta da matéria-prima, a expectativa do presidente é de que o valor
comece a cair.

– Em abril, o preço não cairá tanto a ponto de voltar ao patamar de
R$ 1,70, como em novembro. Mas acredito que, ao longo do ano, o preço
continue diminuindo – avalia.
João Batista Fernandes, gerente de um posto na Avenida Beira-Mar
Norte, na capital catarinense, conta que, desde o último aumento, há
duas semanas, a venda do etanol caiu pela metade.
GNV é alternativa Enquanto o etanol perde competitividade para a gasolina,
o GNV
segue como uma alternativa econômica para quem está disposto a fazer a
conversão do veículo. O preço médio do GNV no Estado está estacionado em
R$ 1,693 o metro cúbico, considerando pesquisa da ANP em nove cidades
catarinenses.
Além do preço menor, projeções do setor apontam a maior rentabilidade
do gás natural veicular. Enquanto um carro flex com motor 1.0 faz, em
média, 10 quilômetros por litro com etanol, com um metro cúbico de gás
faz 18 quilômetros. O carro flex a gasolina faz 16 quilômetros por litro
contra 20 por metro cúbico de GNV.
Outro argumento usado é o fato de o carro movido a gás natural poluir menos o meio ambiente.
Santa Catarina conta com cerca de 130
postos com GNV
e 75 oficinas de conversão. Do montante comercializado pela Companhia
de Gás de Santa Catarina (SCGás), cerca de 20% é de gás veicular – quase
80% abastecem a indústria e menos de 1% vai para o setor comercial e
residencial.